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A vernissage da exposição STREETMYVIEW no Centro Brasileiro Britânico foi fantástica, graças à presença de todos vocês! Para quem não pode vir, ainda dá tempo de visitar a exposição — vai até o dia 9/12, sexta-feira.

King William St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Fev 2021

A produção de imagens é a ação do nosso tempo. Há 100 anos, a atividade ainda era restrita aos artistas, entre eles pintores, escultores, gravadores, arquitetos, fotógrafos. Hoje, com a popularização da produção de imagens, grande parte delas são criadas sem propósito ou preocupação estética — como um idioma que se espalha por uma população de milhões, e que para além de seus poemas épicos ganha versões coloquiais, expressões, dialetos, e perde seus limites como linguagem.

 

A popularização em si extrapolou limites humanos e chegou à robotização. O Google Street View produz imagens em alta definição de praticamente todas as vias do mundo que são acessíveis por automotivos. São captadas remotamente por câmeras montadas sobre um veículo, processadas e combinadas por software, e consumidas via internet em dispositivos aptos. 

 

As imagens derivadas desse processo pertencem à sua própria categoria, e já não causam o estranhamento com que inevitavelmente as recebemos pela primeira vez, em torno do ano de 2008. Hoje reconhecemos uma imagem produzida pelo Google Street View: foto tirada da rua, com deformações, desencontros, rastros de movimentos, pessoas de rosto borrado.

À medida que nos familiarizamos, também nos esquecemos da monumentalidade e da façanha do conjunto dessas imagens: vá de vias rurais islandesas aos viadutos de Lagos, passando por ruelas galesas e estradas marroquinas — sentado, em segundos, numa experiência exclusivamente imagética.

Com suas pinturas na técnica clássica do óleo sobre tela, Carlos Silvério fecha o ciclo do absurdo da produção de imagens: da pintura renascentista à captação de luz em câmaras, à digitalização e automação, aos registros de todas as vias do mundo todo — e agora, de volta à imagem em tinta à óleo. 

 

Fotos de pinturas já são comuns, mas e pinturas de registros fotográficos utilitários, feitos sem intenção estética, de cenas de rua congeladas ao acaso sem deliberação humana?

 

Essas pinturas acendem debates elementares da arte sobre autoria, técnica, automatização, estética, intenção. Veja aqui detalhes deformados das ruas de Londres pela visão de Carlos Silvério da visão do Google Street View.

 

—Mariana Ou

Buckingham Gate

Óleo sobre tela

1m x 1m

Nov 2021

Shoreditch High St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Mar 2021

Palace St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Ago 2020

Você pode contar os tijolos de um muro de uma determinada rua de uma cidade, sem nunca ter pisado nela e talvez nunca pise.

 

Antes do Street View, conheci e fiquei fascinado pelo Google Earth. Eu ficava passeando no software como um explorador que sobrevoa lugares; eu navegava no Google Earth para ver as cidades fotografadas, com todas as coordenadas, com os nomes dos lugares. Ao invés de assistir televisão, eu gostava de ficar passeando pelo Google Earth. 

 

Com sua evolução, o programa culminou na coisa mais maluca que o ser humano conseguiu fazer que é o Street View, a captura de fotos de cidades, rua a rua, 360º, com uma resolução fenomenal. Não era só mais olhar a pele do planeta pelo Google Earth, mas sim viajar na pele, pelos poros dos lugares e poder conhecer uma cidade sem nunca pisar nela. 

Se falamos em metaverso, navegar pelo Street View foi a primeira experiência "metavérsica" que eu tive. -Carlos Silvério

Duke St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Jan 2020

Turville St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Jun 2021

Vine Hill St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Jun 2019

King William St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Jul 2020

Andando por Londres no Street View, olho uma imagem e a imagem me diz: “eu sou um quadro”

 

Eu andava por cliques, rotacionava a câmera e começava a gostar de algumas vistas, imagens, composições mais do que outras. Comecei a capturar as imagens que achava bonitas. Capturei centenas de imagens e fui guardando. Olhava para essas imagens e tinha vontade de registrar em forma de pintura, como no passado um pintor parava num lugar que achava bonito e registrava em forma de pintura.

 

Tive vontade de eternizar fotos tiradas por um robô e sem nenhuma intenção artística em pintura, porque a pintura tem esse caráter sagrado, um status artístico, tem a singularidade de ser um exemplar único. Eu tinha vontade de registrar em pintura imagens que escolhi segundo meu julgamento estético. -Carlos Silvério

Hoxton Square

Óleo sobre tela

1m x 1m

Abr 2022

Saint Peter's St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Set 2020

Guardei uma foto que capturei do Google Street View que tem um pássaro no ar. 

 

Aquilo é uma fotografia, só que feita por um robô num carro, conduzido por um motorista sem nenhuma intenção estética, fotografando instantes. Um dia tem sol, outro dia não tem. E muitas imagens tem pessoas andando na rua, num determinado instante sendo captadas por um fotógrafo cego, sem saber se a foto vai ter uma, duas, ou nenhuma pessoa. E claro, para manter o anonimato, as pessoas têm rostos borrados, o que é muito incrível, faz lembrar os rostos de Francis Bacon.

-Carlos Silvério

Westbourne Terrace

Óleo sobre tela

1m x 1m

Abr 2019

Cannon St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Set 2019

Fashion St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Mar 2021

Hanbury St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Jan 2022

Londres é a cidade entre as que conheço que acho a mais bonita.

 

Tenho uma conexão emocional com Londres, pois foi a primeira capital europeia que visitei. Acho a cidade espetacular, cheia de personalidade.

 

É uma cidade que eu olho e gosto de cada centímetro. Gosto da calçada, do piso, do asfalto bem feito, das pequenas ruas, das paredes, da cor dos tijolos, da luz e das pessoas. Tantas etnias circulam pelas ruas. Tenho obsessão pelo visual e pela atmosfera de Londres. 

 

Já refleti se gostar tanto de Londres tem a ver com a síndrome de colonizado. Mas acho que tenho direito de gostar de Londres, da mesma maneira que alguns estrangeiros que vêm pra cá ficam tão apaixonados pela nossa paisagem, flora, fauna, beleza e até pelas feiúras de algumas cidades brasileiras. -Carlos Silvério

Barnsbury St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Jan 2020

Warner St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Out 2020

Princes St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Fev 2019

Ebor St

Óleo sobre tela

1m x 1m

Jan 2021

Old Lane (Halifax, UK)

Óleo sobre tela

1m x 1m

Abr 2020

Frontage Rd (Austin, TX)

Óleo sobre tela

1m x 1m

Fev 2020

Chance St

Óleo sobre tela

50cm x 50cm

Fev 2021

Street my view (NOVO PRETO) 01a.png

série de 21 pinturas em óleo sobre tela, 1m x 1m

realizadas entre 2019 e 2022

em São Paulo

Segundo Carlos Silvério, desenhar "foi a primeira forma de perceber que [ele] existia". A pintura veio depois, mais ou menos ao mesmo tempo em que foi alfabetizado. 

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Depois de sua graduação em Artes Plásticas pela USP, durante 37 anos de carreira desenhou exclusivamente para trabalhos em publicidade: duas décadas na agência DPZ, onde foi de estagiário desenhista a diretor de criação, até atualmente como VP de Criação da VMLY&R Commerce.

O cheiro nostálgico de um bastão de pastel oleoso preto que ganhou de presente em 2017 o inspirou a voltar a pintar, com Francis Bacon, Lucian Freud e Chuck Close como principais referências. 

Entre em contato para mais informações sobre as obras à venda, comissões ou exposições:

+55 11 97673 4536

carlossilverio64@gmail.com

@carlosjsilverio

© Carlos Silvério

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